
Respondendo a um desafio que temos colocado sempre que nos encontrámos, vou hoje contar aqui um pequeno episódio, dos muitos que aconteceram a cada um de nós e que reunidos poderiam constituir-se também como legado:
Não sei precisar, mas em 1979 ou 1980, lá pelas terras do distrito de Portalegre, mais propriamente em Montargil organizámos uma iniciativa de comemoração e luta pelo 28 de Março - Dia Nacional da Juventude.
Montargil era uma terra de tradição de luta e o partido tinha ali grande aceitação popular. Em consequência, tínhamos também um numeroso e activo colectivo da juventude comunista. (por força da imprecisão na data também não é possível referir se da ujc ou da jcp).
Por essas razões e havendo a possibilidade de haver um concerto com os Trovante, no distrito, logo a recolha recaiu em Montargil.
Tudo tratado, várias reuniões de preparação, espaço cedido pela Cooperativa 12 de Maio, divulgação feita, ansiava pelo concerto.
Para além de ter como garantido o sucesso era também uma oportunidade para eu ouvir ao vivo os Trovante.
Nem estranhei algumas perguntas dos camaradas do colectivo local…
Os Trovante, que haviam iniciado a carreira em 1976, já tinham nome firmado e discos editados. “Chão Nosso” e “Em nome da Vida” e mais alguns singles.
Chegada a hora - cheguei um pouco antes - o enorme barracão da Cooperativa 12 de Maio estava devidamente preparado para o …baile. Balões e outros artefactos no tecto, cadeiras alinhadas junto às laterais e o centro convenientemente limpo…
Ainda tentei dar a volta ao assunto, subi para o palco e procurei explicar. O Manuel Faria (se não me engano) ainda tentou também, mas nada resultou. Que começasse o baile, impacientavam-se.
O conjunto de Abrantes é bem melhor, com estes a malta nem conseguiu bailar quase nada, desabafavam no final os camaradas.
E a mim não me soube a nada, o concerto.
Claro que no fim o dinheiro feito na bilheteira não chegou para pagar o cachet…
Mais uns tempos a pão e laranjas…