quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pedaços de uma memória para a acção



Respondendo a um desafio que temos colocado sempre que nos encontrámos, vou hoje contar aqui um pequeno episódio, dos muitos que aconteceram a cada um de nós e que reunidos poderiam constituir-se também como legado:
Não sei precisar, mas em 1979 ou 1980, lá pelas terras do distrito de Portalegre, mais propriamente em Montargil organizámos uma iniciativa de comemoração e luta pelo 28 de Março - Dia Nacional da Juventude.
Montargil era uma terra de tradição de luta e o partido tinha ali grande aceitação popular. Em consequência, tínhamos também um numeroso e activo colectivo da juventude comunista. (por força da imprecisão na data também não é possível referir se da ujc ou da jcp).
Por essas razões e havendo a possibilidade de haver um concerto com os Trovante, no distrito, logo a recolha recaiu em Montargil.
Tudo tratado, várias reuniões de preparação, espaço cedido pela Cooperativa 12 de Maio, divulgação feita, ansiava pelo concerto.
Para além de ter como garantido o sucesso era também uma oportunidade para eu ouvir ao vivo os Trovante.
Nem estranhei algumas perguntas dos camaradas do colectivo local…
Os Trovante, que haviam iniciado a carreira em 1976, já tinham nome firmado e discos editados. “Chão Nosso” e “Em nome da Vida” e mais alguns singles.
Chegada a hora - cheguei um pouco antes - o enorme barracão da Cooperativa 12 de Maio estava devidamente preparado para o …baile. Balões e outros artefactos no tecto, cadeiras alinhadas junto às laterais e o centro convenientemente limpo…
Ainda tentei dar a volta ao assunto, subi para o palco e procurei explicar. O Manuel Faria (se não me engano) ainda tentou também, mas nada resultou. Que começasse o baile, impacientavam-se.
O conjunto de Abrantes é bem melhor, com estes a malta nem conseguiu bailar quase nada, desabafavam no final os camaradas.
E a mim não me soube a nada, o concerto.
Claro que no fim o dinheiro feito na bilheteira não chegou para pagar o cachet…
Mais uns tempos a pão e laranjas…

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
  2. Moral da História. Falta de ligação às massas, como custumávamos dizer. Tomar iniciativas, sem procurar conhecer e envolver as pessoas a quem se destinam. Mas nós aprendemos bem a lição. A propósito disso conto aqui um episódio que se passou não há muito tempo com o nosso camarada Xico Missas e que ele me contou. Já muito próximo de umas eleições autarquicas, chegam uns camaradas "responsáveis" junto do Xico a convidá-lo para fazer parte das listas, ao que ele respondeu. Por mim tudo bem, mas vamos ouvir os camaradas do Partido, para saber qual é a sua opinião. Os "responsávesis" responderam: estamos muito apertados com o tempo para a entrega das listas, assinas aqui os papeis e depois logo se fala com os camaradas, eles vão estar de acordo concerteza. O Xico Missas, respondeu. Não camaradas, só sou candidato depois de ouvir os outros membros do Partido e é claro que se fez uma reunão, a maioria esteve de acordo e o Xico foi candidato.
    Valeu a pena passar as dificuldades causadas pelos prejuizos com o concerto de Montargil.

    ResponderEliminar
  3. Este cartaz do 1º Congresso é mesmo muito bonito.
    Tem um ar limpo, sobrio alegre e confiante. Não acham?

    ResponderEliminar
  4. Camarada Santos é claro que os camardas responsáveis estavam na vanguarda da música também e quantos camaradas haverá qu~e acharam que os moços não sabiam tocar para bailes, mas que com o tempo até se ajeitaram a tocar e a cantar lol

    ResponderEliminar